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Os rótulos e os propósitos: da aceitação social por legitimações externas à destruição íntima

Atualizado: 15 de set. de 2022

Rótulos.

Muitos se apegam a rótulos quando desejam algo: o rótulo da popularidade, da publicidade, do destaque. Uma camisa de marca muitas vezes só é usada pelo rótulo que enverga, por exemplo. Um celular, um computador... dependendo do rótulo, há quem até seja capaz, claro que com subjetividade duvidosa, de definir valores e ideais de seu dono... Prender-se a isso, ao meu ver, só demonstra que antes de qualquer desejo de efetividade ou funcionalidade, aquele que se fixa ao rótulo antes do conteúdo somente quer notoriedade, e envolver-se no tal rótulo para que ele mesmo tenha a mesma publicidade, ou eventual credibilidade, daquilo que possui marca relevante, popular. De que adianta determinado rótulo se os valores e ideais que se carrega dentro de si são mambembes, vazios ou inconsistentes? De que adianta a maçã mordida se na verdade não se deseja a capacidade do produto no dia a dia, mas sim a ostentação de a possuir? Obviamente é ótimo a ter, mas ela não será capaz de resolver dentro de cada um o motivo, o propósito, de a possuir. Vivemos eras de ostentações e egocentrismos. E rótulos, neste sentido, são excelentes formas de os estimular. Precisamos de rótulos ou efetividade? Tal rótulo pode entregar de fato efetividade? Talvez sim, se a busca for sincera, humana. Quem sabe não, se no fundo nutrirmos um desejo íntimo de notoriedade, de destaque, de relevância ou importância; ou seja, de usarmos o rótulo para resolver nossas próprias incapacidades, vencer medos inconfessáveis, obter holofotes através não de nossas habilidades e talentos, mas por conta de apêndices que mais destacam a si próprios do que quem os adquiriu. Num universo de desigualdade social como o do Brasil, não me parece justo darmos tanto valor a marcas, estampas, logotipos, rótulos, quando o que realmente importa é a essência das coisas, dos conhecimentos, das buscas, intimamente ligadas à missão e ao ideal de cada um. Quem sabe devamos pensar nisso quando focarmos apenas no rótulo de algo quando o desejarmos. Lembre-se do propósito.

Apelamos a referências externas para que elas nos legitimem, sem que legitimemos intimamente a nós mesmos

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